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quinta-feira, janeiro 15

Citações & Recortes Blogosféricos I
No Contra a Corrente, Carlos “MacGuffin” escreve hoje:

Três pequenas observações
Hoje de manhã, ouvi na rádio (Antena 1) as declarações de um palestiniano que vive na Faixa de Gaza, sobre o mais recente atentado em Israel. Ahmed comentava a decisão israelita de fechar as fronteiras da Faixa de Gaza por tempo indeterminado. Considera a decisão como uma medida grave, já que a mesma impedirá que cerca de 25.000 palestinianos possam cruzar a fronteira para trabalhar.

Observação n.º 1: milhares e milhares de palestinianos trabalham em Israel, com direitos e garantias asseguradas. E, pasme-se, em paz.

Ahmed prossegue, dizendo que o recente atentado do Hamas, que ceifou a vida a quatro israelitas, foi perpetrado por uma mulher palestiniana que vivia sem perspectivas de futuro. É o desespero que provoca este tipo de acções. É a falta de perspectivas que corrói o espírito dos jovens palestinianos.

Observação n.º 2: há atentados em Israel, onde são ceifadas vidas humanas, quase sempre civis. Há incursões do exército israelita que acabam na morte de palestinianos. Mas, do ponto de vista da comunicação social, existe um pendor pró-palestiniano (admito que não totalmente consciente) que leva a que se procurem ouvir as razões ou justificações de um lado, mas raramente as razões do outro.

Contudo, Ahmed acrescentou que esse tipo de desespero, aliado à descrença em relação ao futuro, está presente em todas as sociedades, inclusive na europeia. O problema, diz Ahmed, é que na Palestina existem grupos políticos armados que fazem uso desse desespero para fins terroristas, envolvendo o assassinato de civis israelitas.

Observação n.º 3: os suicidas palestinianos não são meros civis que, face às dificuldades, decidiram um dia, por livre iniciativa, rebentar-se a si próprios e ao maior número de israelitas. Se assim fosse, Africa e outros pontos negros do planeta seriam locais preferenciais para que este tipo de acções florescesse. Os atentados terroristas palestinianos têm uma marca política. São alvo de organização e de uma propaganda que incita à morte e ao ódio pelo seu semelhante. Eis um aspecto que ainda não entrou na cabeça de muito gente.
Este post (retirado do blog Contra a Corrente) traz-me à memória um brilhante artigo assinado por Miriam Greenspan na edição de Dezembro da revista Tikkun. Sobre o ódio, e a fundamental necessidade de o irradicar, o texto terminava assim:
“Renouncing hatred, in all its forms, is the only thing that will save us—Israeli, Palestinian, Tutsi, Hutu, Croat, Serb, Muslim, Christian, Jew, Hindu, Buddhist, Kurd, man, woman, and child. Are Palestinians "justified" in nursing their rage at Occupation until it becomes a deadly hatred of Jews? Are Jews "justified" in turning their fear of annihilation and their anger at Arab terrorism into a blind and spiteful Occupation? Where will this get us? Will it bring back the dead on both sides? Will Arab mothers be able to lift their children in their arms in a free society rather than send them to their deaths in order to take down another Jew? Will Jewish mothers be able to put their children on a bus without fear that they will never see them again except, if they are lucky, at the morgue? Will hatred bring about two states in Israel and Palestine? Will it bring justice? Will it bring peace? Will it do anything at all except spill more innocent blood and poison the soul of the hater? To paraphrase a forgotten 1960's anti-war song: When will we ever learn? When will we ever learn?”