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sexta-feira, janeiro 30

Morrer em Diferido
Ninguém escreveu sobre os seus sorrisos. Ninguém lhes apontou as qualidades ou os defeitos. Não se reclamou contra a mediatização das suas mortes. Faltaram as câmaras em directo. Vítimas da banalização do sofrimento, no país que chorou Miklós Fehér, os dez mortos de Jerusalém recebem um encolher de ombros, como se o destino de morrer no autocarro 19, ontem antes das nove da manhã, na esquina das ruas Gaza e Arlozorov, lhes tivesse sido ditado justamente. Como se o ódio podesse alguma vez ser razão alguma. Como se a causa justa de um povo se podesse construir com alicerces assentes em eviscerados corpos inocentes.
Kadish
Avraham (Albert) Balhasan, 28 anos; Rose Boneh, 39; Chana Bunder, 38; Anat Darom, 23; Octavian Floresco, 42; Natalia Gamril, 53; Baruch Hondiashvili, 38; Dana Itach, 24; Eli Zfira, 48; e Yehezkel Goldberg, 41.
Para que a memória não apague estas imagens. NOTA: o vídeo a que este link se refere (gravado momentos após o atentado) contém imagens verdadeiramente chocantes, não aconselháveis a pessoas mais sensíveis.