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segunda-feira, fevereiro 16


13: Azar ou Sorte?


A propósito das superstições ligadas a sexta-feira 13, o Filipe, autor do excelente blog Respublica, desafia-me a comentar a possível conotação aziaga do número na tradição hebraica. Mas, na verdade, ela não existe. Em hebraico, 13 é um número extraordinariamente positivo.
Na língua hebraica os numerais são escritos com as letras do alfabeto (ou alefbet), às quais é atribuído um valor numérico (ver Gematria Hebrew Letter Chart - Introduction to Hebrew Numerology) – um pouco à semelhança da numeração romana. Assim, o número 13 escreve-se com as letras י Yud(10) e ג Gimel (3). Para desvendar as leituras semióticas da numerologia hebraica (gematria), é necessário, antes de mais, analisar o simbolismo dado a cada letra.
O Yud (י) é a primeira letra da palavra yetzer (impulso), denotando a tendência humana tanto para o altruísmo (yetzer hatov, aspecto positivo) como para o egoísmo (yetzer hará, aspecto negativo). Os sábios cabalistas aconselham a meditação na letra Yud como forma de ultrapassar estagnação e inspirar mudança a nível espiritual.
O Gimel (ג), por outro lado, reflecte as qualidades de bondade e crescimento. A expressão gamilut hasidim (boas-obras) traduz a essência de Gimel, a primeira letra também das palavras gadol (grande), gibor (poderoso) e gevurá (coragem). A meditação na letra Gimel desperta a capacidade de crescimento espiritual.
Ao contrário do que acontece no cristianismo, a tradição hebraica reserva ao número 13 uma conotação bastante positiva. Segundo a gematria, 13 é o valor numérico das palavras “amor” e “unidade”, denotando uma ligação intrínseca entre elas. Outro aspecto positivo do número no judaísmo é demonstrado pelo facto de rapazes e raparigas efectuarem os rituais de passagem de bar e bat Mitzvá aos 13 anos de idade, entrando assim na “maturidade religiosa”. Treze são também os atributos de Deus inscritos pelo rabino medieval Moisés ben Maimon (Maimonides) no hino Yigdal.