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quarta-feira, fevereiro 18

Um Cemitério Judaico na Alemanha

Numa pequena colina entre campos férteis
há um pequeno cemitério,
um cemitério judeu atrás de um portão enferrujado,
escondido por arbustos,
abandonado e esquecido.
Nem o som de orações
nem a voz dos lamentos se ouvem aqui
porque os mortos não louvam a Deus.
Soam apenas as vozes das nossas crianças,
procurando campas e rindo
sempre que encontram uma – como cogumelos na floresta,
como morangos silvestres.
Aqui está outra campa! Esta tem o nome da mãe da minha mãe
e um nome do século passado.
Está aqui um nome, e ali outro!
E quando eu limpava o musgo sobre o nome
Olha! uma mão aberta gravada na sepultura, a campa de um kohen,
os seus dedos abertos num espasmo de santidade e benção,
e aqui há uma campa resguardada por um mato de amoras
que têm de ser penteadas para o lado, como madeixas
na face de uma bela mulher amada.

Yehuda Amichai (1924-2000), poeta israelita.