quarta-feira, março 24
Não Podes Mostrar Fraqueza
Não podes mostrar fraqueza
e tens de estar bronzeado.
Mas às vezes sinto-me tal qual os finos véus
das mulheres judias que desmaiam
em casamentos e no Yom Kippur.
Não podes mostrar fraqueza
e tens de fazer uma lista
de todas as coisas que podes levar
num carrinho de bebé sem bebé.
É assim que agora as coisas estão:
se eu destapo o ralo da banheira
depois de tomar banho,
temo que Jerusalém toda, e o mundo inteiro com ela,
seja sugada pela escuridão imensa.
Durante o dia lanço armadilhas para as minhas memórias
e à noite trabalho nas fábricas de Balaam,
transformando maldições em bênçãos e bênçãos em maldições.
E nunca mostres fraqueza.
Às vezes desmorono por dentro
sem que ninguém note. Sou como uma ambulância
em duas pernas, carregando o paciente
dentro de mim para os Últimos Socorros
com o uivo chorado da sirene,
e as pessoas pensam que é linguagem normal.
Yehuda Amichai (1924-2000), poeta israelita.
Não podes mostrar fraqueza
e tens de estar bronzeado.
Mas às vezes sinto-me tal qual os finos véus
das mulheres judias que desmaiam
em casamentos e no Yom Kippur.
Não podes mostrar fraqueza
e tens de fazer uma lista
de todas as coisas que podes levar
num carrinho de bebé sem bebé.
É assim que agora as coisas estão:
se eu destapo o ralo da banheira
depois de tomar banho,
temo que Jerusalém toda, e o mundo inteiro com ela,
seja sugada pela escuridão imensa.
Durante o dia lanço armadilhas para as minhas memórias
e à noite trabalho nas fábricas de Balaam,
transformando maldições em bênçãos e bênçãos em maldições.
E nunca mostres fraqueza.
Às vezes desmorono por dentro
sem que ninguém note. Sou como uma ambulância
em duas pernas, carregando o paciente
dentro de mim para os Últimos Socorros
com o uivo chorado da sirene,
e as pessoas pensam que é linguagem normal.
Yehuda Amichai (1924-2000), poeta israelita.