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segunda-feira, março 22

INQUALIFICÁVEL
É por causa desta duplicidade de critérios, deste complexo do Holocausto que o Ocidente tem em relação a Israel, que houve o 11 de Setembro, o 11 de Março e há-de haver mais. Quando é que o Ocidente se aperceberá de que antes os israelitas do que nós?

Comentário inqualificável de Filipe Moura a um post do blog Renas e Veados. Filipe Moura é um dos autores do Blogue de Esquerda. A quem ainda alimente dúvidas sobre o que isto (e também isto) queira dizer, aconselho a leitura deste meu post: Novo Antisemitismo? As Novas Faces do Mais Antigo Ódio do Mundo.

Entrada da cidade de Poortugaal, na Holanda.“Goedemorgen Poortugaal!”

Vasculhava eu numa tradução inglesa de um manuscrito setecentista holandês sobre a comunidade de judeus portugueses na Holanda quando deparei com o inusitado nome de uma cidade – Poortugaal. Assim mesmo, com dois “ós” e dois “às”. No manuscrito apenas se fazia uma referência de raspão a Poortugaal, sem mais explicações. Uma pequena cidade próxima de Roterdão. Seria a semelhança do nome apenas uma coincidência? Liguei o computador, abri o browser no inestimável Google e fiz uma busca: Search: Poortugaal. A minha manifesta incapacidade de ler holandês não ajudou muito, mas mesmo assim consegui encontrar um interessante mapa de Poortugaal e a página na net do clube de futebol local, o PSV Poortugaal.
As maiores pistas para a possível cumplicidade, encontrei-as em duas páginas de heráldica: Bandeira de Poortugaal e Nederlandse Gemeentewapens - Poortugaal, onde se fazem excelentes comparações entre as bandeiras e brasões de Portugal e Poortugaal. Apesar das evidências aparentes apontarem para uma relação íntima entre o nosso país e a pequena cidade holandesa, o mistério permanece. Será que os meus amigos fluentes em holandês (estou a lembrar-me de Luís Carmelo) podem fornecer mais pistas?

A Morte e os Notáveis, Der Doten Dantz, impresso por Jacob Meydenbach, Mainz, 1492.
Citações & Recortes Blogosféricos IV

“SOBRE A GUERRA. Ahmed Yassin, que a imprensa trata como «líder espiritual», defendia explicitamente o ataque a civis, e foi citado várias vezes como tendo ordenado pessoalmente ataques suicidas (abençoando os seus autores) e não suicidas (valorizando o número de vítimas causadas pelas Izz al-Din al-Qassim ou por qualquer outro grupo armado). Defendeu várias vezes esse direito divino a atacar civis e, portanto, raramente condenou as explosões. Era também um adversário da Autoridade Palestiniana e ordenou ataques à polícia da AP, bem como fuzilamentos sumários de civis palestinianos, apedrejamentos (sobretudo de mulheres e de homossexuais) e a formação de campos militares para treinar crianças, em ligação à Jihad. Tal como outros xeiques das mesquitas de Gaza, pensava que matar judeus estava ordenado no Corão (é uma das passagens menos discutidas do texto); tal como o Grande Muftí de Jerusalém, afirmava que em nenhuma parte o Corão condenava os ataques suicidas ou o uso de crianças para transportar explosivos. Yassin fazia parte da guerra e era um soldado que nunca o escondeu -- nem nas suas alianças nem no apelo que já tinha feito (leia-se o site do Hamas sobre a jihad global). Estava na guerra e era tratado como um general dessa guerra que, para ele, era santa e religiosa. Este é um ponto.

O segundo ponto é que, independentemente de todas as razões, o ataque a Yassin não deixa de ser uma falta estratégica e, claramente, aos olhos do Ocidente, uma baixa moral importante. Internamente, significa que Ariel Sharon aceita o apoio e a base eleitoral dos partidos haredim e de extrema-direita (que tinham defendido a eliminação de Yassin), em «compensação» pela saída de Gaza e por um compromisso sobre os territórios da Judeia e da Samaria; externamente, é um golpe que não deixará de ser condenado (embora ninguém chore uma lágrima por Yassin) e que aumentará a campanha anti-Israel numa parte da opinião pública. Não há aqui juízos sobre equivalência moral; o Hamas acabou de ganhar um mártir poderoso. A guerra vai continuar a ser devastadora. Não se sabe com que efeitos.

O terceiro ponto é sobre a natureza da compaixão. Yassin é retratado como um «velho numa cadeira de rodas». Está numa cadeira de rodas desde os 12 anos e isso nunca o impediu de ter ordenado atentados, de ter declarado esses ataques uma «obrigação religiosa» e de dizer que o dia mais feliz da sua vida seria aquele em que morresse como mártir suicida (shahid). Infelizmente, fizeram-lhe a vontade. Mas prevejo que aqueles que agora aparecerão a lamentar a morte de Yassin se calaram nos minutos a seguir aos atentados que ele ordenou. Mas, como já disse, não há aqui juízos sobre equivalência moral.”

Análise imensamente lúcida de Francisco José Viegas, no Aviz.

Adenda: Ainda sobre a morte de Ahmed Yassin, a não perder é também os posts “Esquerda - a separação das águas”, de João Pedro Henriques, “Basta ya, Yassin”, de Alberto Gonçalves no Homem a Dias, e Estranhas elegias, de Luís Carmelo no Miniscente.