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terça-feira, fevereiro 1


O Cabalista


Tenho uma porta interna na alma: um quarto pequeno,
uma luz concentrada, muitos livros
e uma janela à altura dos ombros.
Os únicos pedaços de natureza que conheço
são os meus pulsos, as mãos e os dedos:
eles mexem-se, mornos, e mudam
lentamente demais para merecer estudo sério.
Da janela, um mundo largo
cheio de coisas enfileiradas: arbustos,
árvores, rios, vacas em linha.
É um texto entediante, esta rede plana.
Nas minhas estantes mesmo o pior dos livros
recua em profundidade e junta-se aos outros livros,
pétalas em movimento para o centro fértil,
costas com costas por trás de mim
lendo o livro atrás do livro, até que
as flores abrem e formamos o texto,
a alma completa, a ordem única.

Barry Goldensohn. Poeta contemporâneo. Judeu norte-americano.