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terça-feira, dezembro 30

RTP-Internacional e os Sermões aos Peixes
Depois de uma pausa sabática de largos meses – motivada por frustração e casmurrice (ver RTP Internacional e a frustração de quem mora longe) – decidi ceder e ligar ontem a RTP-I para ver o Telejornal. Apanho a coisa a meio, com José Rodrigues dos Santos a entrevistar um senhor advogado sobre o Caso Casa Pia. Falavam em “termos gerais”, como se o artifício do “supondo que” fosse verdade bíblica e as “hipóteses académicas”, evocadas para contornar o sacrossanto Segredo de Justiça, podessem enganar alguém. Mas não foi isso que me chamou a atenção. O que me saltou à vista foi o tom professoral do advogado/comentador, um senhor de nome Carlos Pinto de Abreu. Falando como se explicasse o mundo às criancinhas, o senhor doutor advogado suava paternalismos e entoava as frases como se desse uma aula a analfabetos. Sem dúvida, pelo menos na entoação teatralizada, Carlos Pinto de Abreu é um digno discípulo da escola de comentário televisivo de José Socrates...
E depois há ainda a lentidão. O arrastar das coisas. Não me consigo habituar aos ritmos do telejornal. Admito que a culpa pode ser apenas e toda minha, e que esteja mal habituado por morar há 10 anos fora de Portugal. Não compreendo a utilidade jornalística de uma peça com imagens de arquivo repetidas à exaustão que apenas repisa aquilo que o pivot dissera segundos antes. Mas é certo que onde vivo, nos EUA, a cultura televisiva assume-se como o reverso dessa mesma moeda, com tudo reduzido a meras sound bites medidas a preceito para caberem em peças televisivas de 30 segundos. Ao contrário das outras coisas da vida, acredito que pelo menos aqui a virtude reside no meio termo entre estes dois extremos.