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quarta-feira, fevereiro 25

Violência Sagrada II

The Passion of the Christ, de Mel Gibson, acabou de estrear hoje aqui nos Estados Unidos. Sentado à secretária, trabalho com a televisão ligada, quase como ruído de fundo. CNN, Fox News, MSNBC, os principais canais noticiosos do país, não falam de outra coisa. “Wall-to-wall coverage” como aqui lhe chamam. Os debates são incessantes. Padres contra pastores. Padres contra padres. Pastores contra rabinos. Ninguém se entende e o nível do diálogo desce agora, também ele, a pouco mais do que estática hertziana.
O consenso parece ser apenas um: a extrema violência do filme. Segundo as contas de Roger Ebert, um dos mais conceituados críticos de cinema americanos, dos 126 minutos de duração do filme, 100 são passados na contemplação de violência.
Como já aqui escrevi há quase duas semanas, depois de ver o filme (o post está aqui, Sagrada Violência) o que mais me impressionou foi a crueza desta opção pela violência.
Sobre o filme, aconselho a leitura do ensaio crítico de David Denby, um cristão, na The New Yorker, intitulado Nailed. No insuspeito Christian Science Monitor, na minha opinião um dos melhores jornais americanos, David Sterritt escreve Gibson's 'Passion' has little but suffering on its mind e a historiadora e teóloga Paula Fredriksen, professora da Boston University, assina Controversial 'Passion' presents priceless opportunity for education, ambos a não perder. O Francisco José Viegas chama também a atenção para uma ilustrativa entrevista do pai de Mel Gibson transcrita no New York Daily News.
Depois de tudo isto, como qualquer filme saído das linhas de montagem de Hollywood, The Passion of the Christ traz consigo um mar de merchandising – livros “oficiais”, lancheiras para a escola, t-shits, canecas, porta chaves e... “pregos da crucificação” para usar ao peito, segundo conta o New York Post, que podem ser comprados a $16.99 na Christian Publications Bookstore, em West 43rd Street.